Tecnologia e Dados em Tempo Real
Proteger a Amazônia e as fronteiras brasileiras não é apenas uma missão de Estado — é um imperativo de soberania. Em um cenário geopolítico cada vez mais complexo e dinâmico, o uso de dados em tempo real, como imagens e vídeos gerados por diversos sensores, torna-se peça central para garantir o controle sobre o território nacional. E o Brasil já conta com soluções tecnológicas de ponta desenvolvidas e operadas no próprio país.
A Amazônia Legal, com seus mais de 5 milhões de km², impõe desafios operacionais únicos: densa vegetação, áreas de difícil acesso, presença de organizações criminosas e crimes ambientais que ameaçam não apenas o bioma, mas a integridade do território. Diante disso, o monitoramento constante, preciso e integrado é essencial. E ele já é uma realidade por meio de Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) e outras tecnologias avançadas desenvolvidas no Brasil.
Vigilância Persistente: Soberania no Ar
Um dos grandes protagonistas desse modelo de defesa são os sistemas remotamente pilotados, como o Hermes 900 (H900), sistema de alta performance fornecido pela AEL Sistemas e operado pela Força Aérea Brasileira (FAB). Trata-se de um drone de grande autonomia, com capacidade de voo contínuo de até 36 horas e operação em altas altitudes, ideal para missões de vigilância em áreas amplas e remotas como a floresta amazônica e as extensas fronteiras terrestres.
Equipado com sensores eletro-ópticos, com visão termal e noturnas de última geração, o H900 captura imagens e vídeos em alta resolução, mesmo sob baixa visibilidade, condições climáticas adversas ou durante a noite. Sua capacidade de detecção e rastreamento de alvos fixos ou móveis permite identificar garimpos ilegais, áreas de desmatamento ativo, movimentações suspeitas e rotas do tráfico, oferecendo vigilância persistente com precisão e discrição.

O Hermes 900 possui também a capacidade de transportar cargas úteis modulares, o que o torna uma plataforma altamente adaptável para diferentes tipos de missão, como por exemplo radares de abertura sintética ou equipamentos voltados para o levantamento de dados no espectro eletromagnético. A transmissão segura e em tempo real dos dados coletados pelos seus sensores ocorre por meio de enlaces táticos, fazendo com que as informações críticas estejam disponíveis para auxiliar no processo de tomada de decisão.
Além disso, em um futuro próximo, os H900 e outros vetores de alto valor, poderão ser integrados na rede Link-BR2, outro sistema que está sendo desenvolvido pela AEL e que garantirá o intercâmbio de dados entre as plataformas aéreas, navais e terrestres, além do centro de Comando e Controle. Essa nova capacidade irá criar um ambiente de elevada consciência situacional e que passará a ser compartilhada entre todas as forças envolvidas: Exército, Marinha, Força Aérea, Polícia Federal, IBAMA e outros órgãos de segurança e fiscalização.
Exemplos Reais: Operações Conjuntas em Defesa da Amazônia
O uso prático dessa tecnologia foi evidenciado em operações recentes como a Operação Samaúma, coordenada pelo Ministério da Defesa e pela Vice-Presidência da República em 2021. A missão teve como foco o combate ao desmatamento ilegal e a repressão a atividades criminosas na Amazônia. O emprego do Hermes 900 nessa operação foi decisivo: a ARP operou sobre áreas críticas, transmitindo dados em tempo real que subsidiaram ações rápidas e coordenadas das Forças em solo.
Outro exemplo de aplicação se deu no contexto da Operação Verde Brasil 2, em que o monitoramento aéreo realizado com auxílio de drones e aeronaves tripuladas, contribuiu para a localização de focos de extração ilegal de madeira e de pistas clandestinas utilizadas por organizações criminosas.
Integração Total: Comunicação, Comando e Controle
A verdadeira força dessas operações está na integração tecnológica, unindo esforços aéreos terrestres e navais. A AEL desenvolve sistemas de comunicação para diferentes plataformas, como o Rádio Definido por Software (RDS), que garante a comunicação segura e criptografada, permitindo a interoperabilidade entre as Forças Armadas.
Essa sinergia tecnológica possibilita um ecossistema completo de defesa: sensores detectam, o VANT observa, o Link-BR2 transmite, o RDS comunica, e os centros de comando agem com dados precisos e em tempo real. O resultado é uma atuação coordenada, ágil e eficaz, com menor exposição de tropas e maior assertividade nas ações.

Muito Além do Monitoramento
Mais do que vigiar, a presença tecnológica também fortalece a capacidade humanitária e de apoio logístico na região amazônica. Esses sistemas operados pela FAB já apoiaram ações de resgate em comunidades isoladas, missões de fiscalização ambiental, e resposta a emergências climáticas, como a enchente de 2024 no Rio Grande do Sul.
Em situações de calamidade, essas ferramentas permitem mapear áreas afetadas, localizar vítimas, manter comunicação entre equipes de resgate e distribuir informações críticas de forma rápida e precisa — salvando vidas e otimizando os recursos disponíveis.
Um Futuro de Soberania com Tecnologia Nacional
A importância da Amazônia ultrapassa as fronteiras nacionais. O bioma amazônico é um patrimônio ambiental estratégico para o Brasil e para o mundo, essencial para o equilíbrio climático global, conservação da biodiversidade e manutenção dos recursos hídricos. Proteger essa região é uma responsabilidade compartilhada entre o Estado, a sociedade e a comunidade internacional.
Ao investir em tecnologia voltada à preservação ambiental, o Brasil não apenas fortalece sua soberania, como reafirma seu papel como líder global na agenda da sustentabilidade.